Avião militar dos Estados Unidos resgata 640 afegãos


As cenas de desespero de afegãos ocupando a pista do aeroporto internacional de Cabul e se agarrando a aviões, na tentativa de deixar o país a qualquer custo depois da tomada da capital pelo Talibã, repercutiram por todo o mundo. 


Em meio aos questionamentos sobre a responsabilidade dos Estados Unidos e de seus aliados em incluir pessoas que se sentem em risco com a volta do grupo extremista em seus planos de retirada, 640 cidadãos afegãos foram embarcados em um voo americano com destino ao Catar - em um avião com capacidade para pouco mais de 100 pessoas.


Imagens do interior do avião militar C-17 Globemaster III mostram centenas de homens, mulheres e crianças agachados e amontoados uns contra os outros no chão da aeronave. O momento caótico, no qual alguns tentam segurar suas bagagens e outros dar a mamadeira de seus filhos, viralizaram nas redes sociais nessa segunda-feira, 16, mas a retirada, de acordo com uma fonte militar dos EUA, ocorreu no domingo, 15.


"O número incomum de passageiros foi o resultado de um ambiente de segurança dinâmico que exigiu uma rápida tomada de decisões por parte da tripulação, o que garantiu que esses passageiros fossem rapidamente levados para fora do país", disse militar, ouvido sob condição de anonimato pela Reuters.


Originalmente, a aeronave C-17 Globemaster III tem capacidade para transportar 134 passageiros, incluindo 54 nos assentos laterais e 80 em paletes no chão, de acordo com a fabricante Boeing.


No entanto, muitos dos afegãos subiram a bordo do avião por meio de uma rampa semiaberta, antes que o vôo partisse para o Catar, o que resultou em um dos maiores números de passageiros já transportados em uma aeronave do tipo, segundo o site especializado Defense One.


Outros vídeos e fotos angustiantes surgiram do aeroporto de Cabul, onde várias pessoas morreram tentando escalar aeronaves ou agarrar o trem de pouso de aviões em movimento em tentativas desesperadas de fugir do Talibã.


Mas para outros, serviu como um lembrete dos esforços calamitosos de retirada do Afeganistão, depois que os Estados Unidos retiraram suas forças após 20 anos de guerra e o Talibã assumiu o poder em dias - enquanto as previsões divulgadas pela inteligência americana previa que isso só ocorreria em meses. "Precisamos de muito mais aviões desse tipo", disse Kenneth Roth, diretor executivo da organização não governamental Human Rights Watch.
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