Caso padre Airton: vítima diz ter alucinações com o religioso se masturbando


Uma das cinco vítimas dos abusos sexuais cometido pelo Padre Airton Freire conta que nunca mais conseguiu ir à igreja, pois quando vai ao templo religioso tem alucinações com o sacerdote se masturbando. A mulher, que preferiu não se identificar, ainda conta que não consegue “mais confiar na Igreja Católica”.

"Eu nunca mais entrei na igreja. Nunca mais consegui olhar para um padre, porque toda vez que eu olho para um padre, vejo o Padre Airton se masturbando. Eu não consigo mais confiar na Igreja Católica. Ele tirou isso de mim", disse a mulher à TV Globo.

O criador da Fundação Terra, Padre Airton foi preso preventivamente no dia 14 de julho deste ano, e está internado em estado grave num hospital no Recife. Dois funcionários suspeitos de participarem nos abusos estão foragidos. Um dos envolvidos é Jailson Leonardo da Silva, o outro não tem o novo divulgado.






A mulher, que também denunciou os estupros na Fundação Terra, em Arcoverde, no Sertão de Pernambuco, contou que a violência aconteceu há cerca de um ano e meio antes da personal stylist Silvia Tavares ser estuprada (ela foi a primeira a vir à público). Junto a essa mulher que denunciou, há um ex-funcionário que também afirmou ter sido dopado e estuprado.

Continuando o depoimento, a vítima contou que após ser levada por um funcionário da Fundação Terra até a "casinha" (um casebre com telhado de palha onde o religioso dormia). Lá, o padre Airton Freire pediu para ela fazer uma massagem nele e pediu várias vezes que ela tirasse a roupa e deitasse. Segundo ela, o sacerdote se masturbou, enquanto o funcionário alisava o corpo do religioso.

"Ele não me penetrou. Ele não estuprou meu corpo. Ele estuprou a minha alma. Ele violentou o que é nosso, o que a gente nasce com a gente, que é a fé. Ele violentou minha fé de uma forma brutal", disse a mulher à TV Globo.

RETIRO ESPIRITUAL

A mulher contou que conheceu o Padre Airton Freire há mais de dez anos, quando foi convidada para um retiro espiritual. Ela contou que ficou impressionada com o religioso, e se encantou com o trabalho desenvolvido pela Fundação Terra.


"Cada vez mais eu sentia necessidade de ir. Eu comecei a ajudar a obra com que eu podia, descontava do meu cartão de crédito mensalmente. Fui aumentando os valores e, o que eu podia fazer, eu queria levar e levar mais pessoas, eu fiz. Fiz meu filho ir... Eu acreditava tanto nele, mas tanto, que me dói a cegueira", afirmou.

Questionada pela reportagem sobre a denúncia, a vítima disse que sente culpa por não ter denunciado o caso antes, para evitar que outras pessoas tivessem sido vítimas do religioso, foi então que ela se dirigiu à Silvia Tavares (primeira a vir à tona).

"Silvia, você não é louca. Você não é desequilibrada. [...] Esta vai ser uma culpa que eu acho que vou carregar pela minha vida toda, de não ter tido a coragem que você teve, de mostrar ao mundo quem ele é. O monstro que ele é, o abusador, o estuprador que ele é. Eu queria lhe pedir perdão do fundo do meu coração, porque se eu tivesse tido a coragem que você teve, se eu não tivesse tido a vergonha, não tivesse me achado louca, talvez eu pudesse ter evitado o que aconteceu com você, porque o que aconteceu com você aconteceu comigo um ano antes", afirmou a mulher à TV Globo.

DEFESA DO PADRE AIRTON FREIRE

Procurada, a defesa do padre Airton Freire afirmou que ele é inocente. Ela alega que usará de todos os esforços para garantir o direito ao habeas corpus. Além disso, a Defesa afirma que o religioso é um homem com sérias restrições de saúde, que inclusive passou mal na cadeia e, neste domingo, foi transferido para um hospital no Recife.

Eles também consideram que a prisão preventiva dele não tem pré-requisitos legais, e que ela "contraria todas as previsões da legislação brasileira e até do direito internacional".


"Airton Freire é um homem de 67 anos com sérias restrições de saúde. Desde que começou a ser alvo das acusações que refuta, afastou-se das funções eclesiásticas e da presidência da Fundação Terra, onde desenvolveu um trabalho social que atendeu milhares de pessoas nos últimos 40 anos. Além disso, manteve-se isolado e jamais incentivou manifestações ou atos que prejudicassem as investigações, apesar de receber o apoio voluntário de milhares de fiéis. E, por último, apresentou-se espontaneamente às autoridades quando da decretação da prisão preventiva", diz a nota.
Matéria da Redação
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